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Quando é chegada a hora de iniciar uma Reeducação Alimentar?

 

Processo exige disciplina, força de vontade a obesos e magros. Os que vencem os desafios alcançam resultados revigorantes para o equilíbrio da saúde física e mental

 

 

 

Por Pauline Machado

 

Cada vez mais cedo, crianças e adolescentes têm se preocupado com o corpo e com a estética visando se manter dentro do padrão de beleza atual, no qual descreve mulheres e homens bonitos, cujos corpos aproximam-se de uma magreza extrema. No outro extremo há aqueles que não conseguem emagrecer e apresentam outros distúrbios alimentares que os fazem ficar acima do peso.

 

Os distúrbios mais comuns nos adolescentes e adultos são, hoje, a anorexia nervosa, bulimia nervosa e a obesidade, e, de acordo com Patrícia Reis Candeias, psicóloga e sócia proprietária da empresa Psinut - medicina, psicologia e nutrição, cuja sociedade divide com sua irmã Bárbara Reis Candeias, nutricionista e especialista em nutrição esportiva, pode ter incidência na adolescência e permanecer ao longo da vida adulta se não houver um tratamento adequado e acompanhamento.“Com a pressão social de uma beleza magra, a intenção de manter o peso vem, muitas vezes, associada à ansiedade em atingir o resultado que outros esperam ou que ela mesma objetivou alcançar, também à culpa pela vontade de comer e/ou depressão. Tudo isso pode levar a pessoa a encontrar ‘soluções mais rápidas’ para emagrecer ou manter o peso, como ficar longos períodos sem comer ou vomitar a comida ingerida”, explica .

 

Outro aspecto importante a avaliar é a questão da constante sensação de estarmos “correndo contra o tempo”, o que leva as pessoas a buscarem soluções imediatas e resultados rápidos, adverte. “Uma reeducação alimentar leva tempo e exige dedicação, esforço e manutenção. A percepção atual é que não temos o tempo propriamente dito para pensar ou viver nada descrito anteriormente. Isso só intensifica os sintomas dos distúrbios alimentares, pois gera mais ansiedade”, justifica.

 

Do ponto de vista psicológico, existem muitos fatores que podem influenciar um comportamento negligente com o corpo e com a saúde. Algumas pessoas simplesmente alegam não ter tempo para se dedicar. Outras não conseguem mudar seus hábitos de alimentação ou iniciar exercícios, por doenças associadas como depressão ou ansiedade. No entanto, quanto maior for a exigência da sociedade pelo padrão magro de beleza, mais extremo será a cobrança da pessoa com ela mesma, afirma Patrícia. "Quando ela não alcança aquilo que espera, isso pode desmotivá-la e acabar com sua vontade e força em mudar. Por isso percebemos duas polaridades, casos patológicos de magreza e casos de obesidade mórbida. Encontramos casos, cada vez mais comuns, onde as pessoas querem a todo custo ser magras, e outros que desistem e comem tudo exageradamente e com muita ansiedade, como forma de preencher sentimentos como tristeza, perda ou insatisfação”, declara.

 

Mas, não é só. Além de toda a pressão externa, a mudança ainda precisa ser desejada pela pessoa, ou seja, precisa ocorrer de dentro para fora. Adotar uma nova rotina na alimentação ou no cuidado com o corpo requer uma desconstrução de ideias e objetivos anteriores de vida e uma construção de novos ideais e prioridades, enfatiza a psicóloga. “Não podemos deixar de associar essa mudança à necessidade de reflexão da pessoa sobre suas vontades, medos, desejos, etc, pois cada uma traz consigo uma bagagem de vida, experiências e sensações únicas, que se não forem delicadamente exploradas e cuidadas, podem se tornar um bloqueio para a mudança em sua vida. Precisamos buscar, antes de tudo, um equilíbrio emocional e a percepção de ‘sermos capazes’. Neste momento a psicoterapia entra como suporte e ‘norteador’ desse novo caminho. E o acompanhamento nutricional é obrigatório”, afirma.

 

Disciplina e Resultados

Outra questão observada é que, durante o processo de reeducação alimentar, existe a necessidade de disciplina, porém, este é outro aspecto difícil de lidar, pois, requer mudança na rotina e muita força de vontade. “De fato não é fácil mudarmos nosso dia-a-dia, desde os lugares onde fazemos compras, até os programas sociais, horas para se alimentar e quantidades dos alimentos.

 

Além do que, a pessoa sente que existe alguém no comando da sua vida que não seja ela. Alguém está mandando ela fazer coisas que não está habituada e que pode não estar gerando prazer de imediato. A resistência em se adaptar à reeducação alimentar e à prática regular de exercícios está muito associada à resistência em identificar aquela mudança como escolha da própria pessoa e necessidade, apenas dela, de uma vida mais saudável”, esclarece e acrescenta. “O emocional precisa ser trabalhado ao longo da reeducação alimentar, pois se torna a base que sustentará todo o processo de mudança. Após a nova rotina alimentar instalada e o trabalho psicológico associado, a pessoa desenvolve: noção de capacidade, iniciativa, aumento da autoestima, satisfação, controle da ansiedade e disposição. O principal resultado alcançado é, sem dúvida, a satisfação pela mudança saudável, gradativa e equilibrada”, garante Patrícia Candeias.

 

O processo e a quem é indicado

Mas, na prática, o que é reeducação alimentar? Segundo a nutricionista Bárbara Reis Candeias, trata-se da mudança de hábitos alimentares priorizando a saúde e bem estar físico, químico e mental, ou seja, a busca por um equilíbrio interno e externo ao indivíduo. “A reeducação alimentar pode ser total, quando a alimentação está toda desconexa com a necessidade do indivíduo, ou parcial, existindo apenas algumas alterações a serem realizadas na dieta diária”, distingue.

 

A nutricionista ressalta ainda que a maioria das pessoas apresenta falhas na alimentação, mas, as que buscaram ajuda, se beneficiaram com a reeducação alimentar. Porém, ainda é elevado o número de casos frequentes de pessoas que se enquadram em outras categorias, não tão benéficas assim. “São os obesos ou com sobrepeso, que fazem ingestão de refeições de alto valor calórico e pobres em fibras e nutrientes; adolescentes com baixa estatura para idade ou excesso de acne, por consumirem alimentos muito gordurosos e quantidade insuficiente de nutrientes e calorias necessárias ao crescimento; praticantes de atividade física recreativa, aquela pessoa que se exercita habitualmente mas não é atleta, que consome vários suplementos alimentares em substituição a uma alimentação de qualidade”. Para esses, a reeducação alimentar é mais que indicada – é fundamental, garante Bárbara Candeias.

 

Embora cada caso seja um caso particular, o processo tem fatores únicos e imprescindíveis a todos – é preciso persistência e força de vontade. “Não é um processo rápido, pois vemos na prática que mudanças radicais a curto prazo são mais passíveis de abandono do programa alimentar e insucesso nos resultados. Fazemos uma anamnese alimentar na primeira consulta e o percentual de gorduras para ser base de comparação entre as consultas, que são mensais na maioria dos casos, porém, se o paciente for muito indisciplinado ocorre quinzenalmente. Depois, há a elaboração das dietas, com introdução gradativa de frutas e vegetais e restrição de alimentos muito calóricos e pouco nutritivos. Estima-se uma perda de peso mínima de 1kg ao mês, mas o ideal para um paciente obeso é no mínimo 500g por semana. E, após a perda, a manutenção de peso deve ser realizada pelo período igual ou superior ao que foi necessário para gerar o resultado esperado. Em outras palavras, uma pessoa que demorou três meses para perder o peso desejado, deve manter por, no mínimo, três meses este peso para que o organismo se adapte e o cérebro ‘entenda’ o novo peso, evitando assim o famoso efeito sanfona”, orienta.

 

Para finalizar, a nutricionista enfatiza o fato de ao pensarmos em reeducação alimentar, termos em mente apenas pessoas que precisem perder peso, mas, os magros também podem precisar reorganizar sua forma de se alimentar, assegura. “Existem magros saudáveis e que possuem uma alimentação equilibrada, claro. Porém, existem os magros desnutridos, que consomem alimentos com muitas calorias, mas, com poucos nutrientes e em quantidade insuficiente ao que necessita diariamente para um bom funcionamento do metabolismo corporal. Também existem os magros por algum tipo de patologia psíquica, que restringem calorias ou induzem vômitos para manterem o biotipo que consideram o padrão ideal de beleza. Nestes casos deve ocorrer um acompanhamento com outros profissionais além do nutricionista, como um psicólogo e um médico gastroenterologista ou clínico gera, em virtude dos efeitos que a doença causa no organismo, recomenda.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Patrícia e Bárbara Candeias, sócias da Psinut - medicina, psicologia e nutrição

 

 

 

Qualidade de Vida

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